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sexta-feira, 11 de março de 2011

CONVERSA DE GRANJENSE

A LINGUAGEM DO GRANJENSE

Quando se nasce numa cidade chamada Granja você tem de se habituar às eventuais perguntas cretinas – “Na Granja tem muita galinha? – Uma vez, irritada, respondi a um desses engraçadinhos: “Não, tua mãe e tua irmã não moram lá!”. É, mais isso foi há algum tempo.Hoje, mais madura e mais zen não fico zangada com isso, afinal, é preciso levar a vida com bom humor”. Respondo que na Granja tem galinha, tem pato, tem vaca, tem cachorro, tem até gente. Tem poeta importante como Padre Osvaldo Chaves e Lívio Barreto; tem personagens históricos como o Pessoa Anta e tem anônimos generosos, gente bonita, gente feia.
            Pensando na minha cidade natal – Granja, interior do Ceará – lembrei-me de como ainda trago na linguagem algumas marcas de lá e pensei em compartilhá-las com você, caro leitor.
            Se vejo uma coisa estranha, extraordinária, solto logo a exclamação: “QUE ARRUMAÇÃO É ESSA?”; se estou num evento desagradável, pouco interessante considero-o “LHEGUELÉ”; se o dia está muito quente, numa daquelas terdes de quase 40 graus, elevo as mãos para o céu e reclamo “MEU DEUS, QUE CALOR MEDONHO”.
             Gente feia, é uma MARMOTA, quando aparece uma figura daquelas que quer parecer mais do que é, então lá me vem outra exclamação do fundo da minha alma linguística: “Ô INFERNO PRA DÁ CÃO”.
            O granjense não é indiferente ao sofrimento humano e para lamentar a vida difícil de alguém medita: “ESSE AÍ SOFRE MAIS QUE SOVACO DE ALEJADO”(uma alusão às antigas muletas), nada relacionado à preconceito, ou depreciação dos deficientes. Isso não, que granjense é educado e solidário.
            Mas há também os irritados que no meio da confusão ameaçam: “EU TE PLANTO A MÃO NA CARA”; ou ainda os mais violentos que prometem “SALGAR” o adversário. Isso mesmo, salgar, é uma expressão que significa derrubar no chão e fazê-lo comer areia (o sal, no caso). Mas, chega de violência, que esta crônica é para entretenimento.
            Na minha terra, não tem “palmeiras onde canta o sabiá”, mas tem carnaubais centenários, tem um rio exuberante e muita história pra contar.

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